sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Concentro-me na chuva que cai lá fora e nos passos que dou aqui dentro. Tudo bem limitado, tudo contado. Resumo-me a minha insignificância e canto, para espantar a dor de não saber quem sou.

Chuto o ventilador a noite. Tropeço no banco na cozinha. Emperro a descarga. Faço, sem querer, o mais furdunço. Morro de vergonha.

Sento a tarde na sala. Acanho-me. Vou pra cozinha. Solto a minha franga. Falo alto demais. Calo-me. Venho ao quarto pequeno, porém por um mês, meu! Deito na cama e leio. Leio tudo, qualquer coisa, até as entrelinhas. Isso para fingir que não sou e não estou.

Carrego vc no colo. Afago-o. Dou-te carinho e atenção. É o que vc merece, amor! Vc merece, Amor, muito desse meu amor aqui, engasgado, emaranhado dentro do meu peito. Tu és tu, do meu lado e fora dele e eu o amo!

Tomo banho. Cuido para não molhar o chão. Esparramo meus pertences pelo parapeito da janela. Seco o cabelo. Recolho meus pertences e coloco-os em ordem no parapeito da janela.

Vou pra tv. Encolho-me no canto direito do enorme sofá. Fico quieta. Trocam de canal. Não posso assistir a tv. Vou embora. Finjo bem.

Deito-me para dormir. Ascendo a luz do abajur. Amo vc. Leio um capítulo do livro. Caio de sono. Durmo. Durmo bem ao menos.

Acordo sempre sem saber onde estou. Lavo o rosto com água e Leite de rosas. Indago ao espelho: E agora José?. Tomo café.

Tomo sol. Caminho. Como biscoito globo.

Respondo: Não sei!

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